Geração Canguru
No Brasil, uma a cada quatro pessoas de 25 a 34 anos ainda não saiu de casa. Dinheiro não é o único motivo
Trecho da matéria:
Impacta o cérebro, diz neuropsicóloga
Para a neuropsicóloga da PUCRS Rochele Paz Fonseca, a busca tardia pela autonomia passa, também, pelo desenvolvimento lento da parte do cérebro responsável por organização, planejamento, controle de impulsos e tomada de decisão. Ligadas à autonomia, as chamadas funções executivas, explica Rochele, estão na última parte do cérebro a amadurecer – até 32 anos nas mulheres e até os 37 anos nos homens.
— Há evidências científicas que comprovam que essas funções estão se atrasando cada vez mais, pois precisam de um estímulo do ambiente para se desenvolverem. Se tem uma pessoa que lava roupa, paga as contas e resolve a maioria dos seus problemas, essas funções não são exigidas. Esses jovens adultos vão encontrar mais dificuldade para para levar uma vida independente, para adquirir conhecimento financeiro — diz.
O psicanalista Paulo Gleich, que escreveu uma coluna que inspirou esta reportagem, alerta para dificuldades dos filhos em estabelecerem outras relações intimas que não as familiares:
— O conforto do conhecido acaba limitando a oportunidade de novas experiências.
Para ele, o cenário com o melhor de dois mundos pode ser, muitas vezes, uma espécie de prisão de luxo.
— Seduzidos pelas tolerantes benesses, os filhos não veem sentido em passar perrengues, como juntar trocados para pagar a conta de luz ou comer miojo por uma semana, apenas para ter algo que, supostamente, têm em casa: a liberdade de ir e vir, de fazer o que desejam. Com esse véu de liberalidade, a alienação passa quase despercebida, mas com frequência está lá: há uma dependência que transcende a questão econômica — avalia.
https://gauchazh.clicrbs.com.br/comportamento/noticia/2019/05/geracao-canguru-os-filhos-adultos-que-moram-com-os-pais-cjwavy0wn018v01qt7mm1eczs.html
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