quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Cientistas lançam jogo de realidade virtual para detectar o Alzheimer

Imagem: eveningtimes.co.uk
Cientistas lançam jogo de realidade virtual para detectar o Alzheimer


Em meio a labirintos e monstros marinhos, os primeiros indícios da doença são coletados

RIO — A versão em realidade virtual do jogo "Sea Hero Quest", que permite a cientistas estudarem o mal de Alzheimer, foi disponibilizada para download nesta terça-feira. A ferramenta foi desenvolvida pela Deutsche Telekom, a organização beneficente britânica Alzheimer's Research UK e por pesquisadores do University College London e da Universidade de East Anglia.

O jogo pretende estimular o cérebro com uma série de tarefas que exigem capacidade de memorização e de orientação. Enquanto os participantes enfrentam labirintos, tentam evitar tiros e fogem de monstros marinhos, cientistas que estudam o mal de Alzheimer tentam coletar os indícios da doença.

Um dos primeiros sintomas do Alzheimer é a perda do senso de orientação, mas existem poucos dados que comparem as capacidades cognitivas em diferentes idades, uma lacuna que o jogo, catalogado como "o mais amplo estudo sobre a demência de toda a história", pretende preencher.

Quando uma pessoa joga durante dois minutos, os cientistas conseguem coletar a mesma quantidade de dados que exigiram quase cinco horas em um laboratório.

"Isto nos deu uma quantidade enorme de informação e realmente nos permitiu entender como homens e mulheres de diferentes idades navegam pelo jogo", disse à AFP David Reynolds, coordenador de pesquisas no instituto Alzheimer's Research UK.

Para jogar, os participantes têm que usar "diferentes partes de seu cérebro e elas são utilizadas de maneira distinta de acordo com os diferentes tipos de demência. Isto também nos permite vincular o que uma pessoa faz ao que acontece em seu cérebro", completou Reynolds.

Com a versão com tecnologia de realidade virtual os cientistas poderão obter ainda mais informações.

"Com esta tecnologia conseguimos detectar para onde a pessoa está olhando, assim como para onde está indo. Então nós sabemos se as pessoas estão perdidas e como se comportam nestas situações (...) Cada um destes experimentos nos ajuda a obter dados sobre orientação espacial", explicou à AFP Lauren Presser, um dos criadores do jogo.

No mundo, quase 50 milhões de pessoas sofrem demência e Alzheimer, segundo estimativas recentes. Até o ano de 2050 o número pode chegar a 132 milhões de pessoas.

Esse espectro de doenças não tem cura, mas os desenvolvedores do jogo esperam que, eventualmente, possa haver um diagnóstico e um tratamento mais prematuro. Reynolds disse que o jogo pode ser usado como uma forma de prevenção:

"Sabemos que manter nosso cérebro apto e ativo, assim como manter o corpo apto e ativo é algo bom e ajuda a reduzir o risco de demência ou desacelera sua progressão".

A versão para smartphones do jogo, lançada em 2016, já foi baixada três milhões de vezes em 193 países.

Fonte: O Globo

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