sexta-feira, 5 de maio de 2017

Filhos que são tratados como confidentes dos pais podem ter desenvolvimento prejudicado


Um estudo publicado pelo Journal of Family Therapy – disponível em texto completo para usuários do Portal de Periódicos da CAPES – indica que o ambiente familiar deve ser avaliado como um fator de risco para doenças como obesidade e depressão em crianças e adolescentes. Isso porque muitos pais, por mais bem intencionados que sejam, tendem a compartilhar seus conflitos pessoais com os filhos, contando-lhes, por exemplo, sobre problemas no ambiente de trabalho ou sobre queixas referentes ao parceiro.

Intitulada “Parentification and mental health symptoms: mediator effects ofperceived unfairness and differentiation of self”, a pesquisa mostra que confiar certos detalhes continuamente aos filhos pode ser prejudicial para o bem-estar emocional em longo prazo. "As crianças não devem atender às necessidades íntimas de seu pai ou sua mãe e não devem ser colocadas no papel de guardar segredos”, diz Lisa Hooper, uma das autoras do trabalho, em entrevista ao jornal The Washington Post.

Segundo a pesquisa, as crianças que recebem essa “sobrecarga” em casa têm maiores chances de desenvolver ansiedade, depressão, distúrbios alimentares e maior risco de abuso de substâncias. Ao ser exposta a certos tipos de situações, a criança tende a agir como pacificadora e mediar os eventuais conflitos para tentar fortalecer os laços familiares. Assim, tal comportamento pode criar uma atmosfera de negligência, porque torna as crianças responsáveis pelo emocional e psicológico dos pais, suprimindo suas necessidades normais da infância, como brincar e fazer amizades.

Os resultados do artigo científico mostram que os efeitos podem ser de longa duração e perdurar até mesmo por gerações, podendo chegar ao ponto do indivíduo se tornar um adulto problemático, compulsivo e mal-sucedido. Por outro lado, crianças que assumem responsabilidades mais cedo podem ter resultados positivos, como ética, resiliência e autoconfiança. Por isso, o ideal é manter o equilíbrio: “é preciso ser honesto e solidário, mas também saber manter os limites apropriados”, explica a psicóloga Juli Fraga, também em matéria do Washington Post.

A pesquisadora Lisa Hooper tem uma série de estudos publicados acerca do tema. Vários trabalhos estão disponíveis pelo Portal de Periódicos.


Alice Oliveira dos Santos
Para ler o artigo na íntegra:
Parentification and mental health symptoms: mediator effects of perceived unfairness and differentiation of self

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