Cirurgião cardiovascular, diretor-presidente do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul
Matéria publicada em Zero Hora, 7/05/2012, p.15
Há cem anos, nascia uma figura ímpar. Inesquecível a todos os que tiveram o prazer de conhecê-lo pessoalmente e a todos os que acompanharam sua trajetória. Nasceu em 7 de maio de 1912 o professor Euryclides de Jesus Zerbini, E. J. Zerbini, como gostava de ser citado, que foi, sem dúvida, um dos grandes vultos da medicina brasileira. Suas contribuições à cirurgia torácica e à cirurgia cardiovascular, bem como seu legado como professor e formador de opinião, garantem a ele um lugar especial na nossa história.
Nascido em Guaratinguetá, no Vale do Paraíba, foi o sexto filho, o caçula de Eugênio e Ernestina Zerbini, ele italiano e ela argentina. Eugênio era professor e cultivava de forma ostensiva a disciplina e a dedicação dos filhos aos estudos. Zerbini cresceu nesse ambiente e estudou até o primeiro ano do 2° grau na sua cidade natal. Com a transferência do pai para Campinas, completou em primeiro lugar o então denominado curso Científico, como completou em primeiro lugar todo o resto de sua vida.
Já cirurgião, trabalhou no início da década de 60, um perío- do de grande efervescência na cirurgia do coração que iniciava seus passos em nosso meio. Àquela época, contavam-se nos dedos os cirurgiões cardíacos brasileiros e as operações eram sempre desafiantes, para não dizer assustadoras.
A necessidade de máquinas, tubos, conexões, fez com que o professor Zerbini iniciasse a montagem da Oficina do Coração Artificial no porão do Hospital das Clínicas de São Paulo, tendo como colaborador o já brilhante Adib Jatene. Foi lá que se desenvolveram os equipamentos para circulação extracorpórea, que deu enorme impulso à cirurgia cardíaca no Brasil.
Nesta época, o dinâmico professor Zerbini decidiu que era muito importante divulgar a cirurgia cardíaca no Brasil e na América do Sul. Aceitava convites de cidades longínquas de nosso país ou do Exterior para fazer demonstrações cirúrgicas com circulação extracorpórea e a ensinar muitos e muitos.
Tornou-se figura pública em 1969, com a realização do primeiro transplante cardíaco da América Latina.
Muitas foram as oportunidades que tivemos de convívio, inclusive nas inúmeras visitas dele a Porto Alegre, ao então iniciante Instituto de Cardiologia.
A história da cirurgia cardíaca e a história médica de E.J. Zerbini se entrecruzam e fica o maravilhoso exemplo de perseverança, competência e humildade. Sua clássica frase é marcante de seu temperamento: "Nada vence a força do trabalho".
Nenhum comentário:
Postar um comentário